domingo, 18 de janeiro de 2009

Momento décimo terceiro

Chega só, com ares de cansaço e mãos vazias. Vai até a cozinha, abre a geladeira e serve um copo de água. Bebe sôfrega. Serve outro e repete o ato. Como é linda. Queria ser aquela água, pensa. Molha os lábios com a língua. Ela se despe, vai até o banheiro, entra no boxe, liga o chuveiro e ele escorre por entre os seios dela. Percorre a barriga, contorna o umbigo, encontra os pêlos pubianos. Poucos, bem traçados. Aguarda uns segundos por ali e segue em direção ao clitóris; contorna-o de leve, macio. Segue pelos lábios vaginais, caminhos tortuosos, embora sublimes. Passa por todas as voltas, quase retas, saliências, reentrâncias; acaba nas coxas; desce solto, rápido, alegre. Uma parada do joelho, o contorno; belo, um convite. Segue o baile rumo à canela; tornozelo; pé. Um sonho, o pé. Chega ao piso, frio. Rumo ao ralo, flui lento e satisfeito. A partir de agora o mundo pode desmoronar. O que vier é lucro, balança a cabeça olhando para o teto. Abotoa as calças, ajeita a camisa, seca o suor da testa com o papel toalha que está sempre por perto, e volta à luneta.

Nenhum comentário: