segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Momento oitavo

Nem cabe negar, tal o desenvolvimento tecnológico, que os aparatos derivados de tamanha genialidade, há pouco relatada, promoveram profunda multiplicação dos modos de olhar. A máquina se interpôs e fez o olho alcançar o todo, ampliou fragmentos, desejos.

Eu, o voyeur. Do francês voir, ver. Não estou a suspeitar de crimes, tal Jeff em sua Janela Indiscreta. Mas há mistério. Sou desta prática antiga, do indivíduo a conseguir obter prazer por manter olhos abertos. Sim, ver com prazer não é novidade: pergaminhos japoneses do século VII já faziam referência a um concurso de tamanhos; mulheres por detrás das cortinas. Gravuras chinesas, por sua vez, nos revelaram também. Vocês e eu também adeptos, cada qual, voyeur.


Ainda não retornou. Presumo que está envolvida, apesar da ausência de atos suspeitos em casa. Comete-os nas saídas, aposto. Registro aqui a expressão mudada dos últimos dias; transtornada até. Sigo a esperar, aguçado e repetido olhar. Tudo para conhecer e desvendar. Isso apetece o apelo que me move, comove.

2 comentários:

Lucas - Med. Int. CEFET disse...

Gostei muito da forma como contas a historia.
Assim, devo pedir-lhe que não deixes de fazê-lo, e que anseio para este comentário servir-lhe de motivação.

Samuel Luis Borges disse...

Obrigado Lucas!
E serviu mesmo...



Grande abraço!